Devido
à procura de alguns colegas taxistas, com a intenção de melhorar seu
atendimento, bem como a qualidade do serviço de táxi em Porto Alegre, resolvi
publicar algo que já tinha como rascunho e que mais do que nunca se faz
necessário.
Trata-se de um pequeno e modesto manual para que os taxistas possam atender
melhor os passageiros, bem como manter os clientes.
1) Quanto à apresentação pessoal:
A Lei
Geral dos Táxis (lei nº 11.582, de 21 de fevereiro de 2014), determina em seu
art. 23, inciso XVIII, que o motorista deve "...estar
permanente e adequadamente
trajado durante a execução do
serviço, utilizando vestimenta
apropriada para a função de
prestador de um serviço público, composta
de camisa, calçado fechado e calça ou bermuda, essa última sempre na altura do joelho e de cor
única, vedados bermudões, bermudas estampadas ou esportivas e a utilização de
coberturas como bonés, chapéus e assemelhados;..."
Uma camisa pólo, preferencialmente cor lisa, calça jeans e sapato fechado,
compõem uma boa vestimenta. Entenda-se sapato fechado, não necessariamente
sapato, estilo social. Um tênis, o mais discreto possível ou o tradicional
sapatênis, servem muito bem. A ideia é estar limpo, com a roupa limpa e a higiene
corporal em dia.
Como bem prevê a lei, NÃO é permitido usar boné, chapéu ou semelhantes. Cortar
o cabelo, bem como estar com a barba feita, se faz também necessário. Barba
feita, não significa raspar a barba. Quem gosta de usar barba, tem que mantê-la
limpa e ajeitada. Frequentar um barbeiro se faz muito necessário. Vale para os
cabelos compridos. Quem gosta, deve ajeitá-los, penteá-los e mantê-los limpos.
Higiene é fundamental.
Pra quem usa camisa, usar os botões abertos até a barriga, não faz parte de uma
boa apresentação. O primeiro botão, no máximo o segundo, se estiver vestindo
uma camiseta lisa por baixo. Entendam. Ninguém é obrigado a ficar vendo o peito
cabeludo de ninguém. Ah! Quando está parado no ponto, fora do carro, nada de
tirar a camisa pelo calor. Enquanto estiver no turno de trabalho, há que se
entender que está trabalhando. Passageiro não merece chegar no ponto de táxi
para fazer a corrida e ver motoristas sem camisa. Horário de trabalho é horário
de trabalho.
Quanto à bermuda, até o joelho e sarja ou jeans vão bem.
Vejam que a lei não obriga a usar roupa social e sapato de bico fino. Quem quer
usar, pode usar. Quanto melhor a apresentação pessoal, maior confiança vai
passar ao passageiro. Pode parecer preconceituoso, talvez até seja, mas
infelizmente as coisas são assim.
2) Quanto ao carro:
A mesma lei que determina a vestimenta do condutor de táxi, também determina as
condições do carro. O inciso IV, do art. 23, diz que o condutor, auxiliar ou
permissionário, deve "...manter o veículo em condições de segurança, conforto e higiene,
conforme regulamentação da SMT e da EPTC..."
Manter o veículo com a manutenção em dia é primordial para a segurança de todos
dentro do veículo, não é fácil nem barato, mas é necessário. Ar condicionado
funcionando, bancos do carro em bom funcionamento com as coberturas/capas em
bom estado, bem como o veículo limpo, por fora e principalmente por dentro, faz
parte de um conjunto que vão "falar" bem do motorista para o
passageiro que está utilizando o serviço de táxi. Salvo o carro passe por ruas
de chão batido ou barro, não é necessário lavá-lo todos os dias. Dia sim, dia
não, é o suficiente desde que se mantenha. Aquela batidinha de tapetes, paninho
para tirar a poeira do painel e dos vidros, são coisas que não custam e não
tomam tanto tempo.
Manter o carro limpo por fora é essencial, pois o primeiro contato do
passageiro com o táxi é visual e do lado de fora do carro. Se estiver sujo, a
má impressão já acontece antes mesmo de o usuário entrar no carro e isso é
ruim.
Outra reclamação recorrente é sobre os barulhos do carro. Ruídos internos
incomodam. Sabe-se que o carro "na praça" tem um desgaste muito
grande, mas temos que fazer um sacrifício para mantê-lo nas melhores condições
possíveis. Às vezes os ruídos são facilmente eliminados com um pedaço de espuma
ou fita adesiva dupla face. Existem também oficinas especializadas em ruídos
internos do carro que nem são tão careiras. Não custa orçar e resolvendo, ponto
positivo para o taxista.
Quanto aos fumantes. É PROIBIDO FUMAR DENTRO DO VEÍCULO. Motorista e passageiro
são proibidos de fumar no interior do veículo. Lei Geral dos Táxis, art. 23,
inciso XXI. Além de ser proibido, o cheiro que o cigarro deixa dentro do táxi é
insuportável. Quem é fumante talvez não perceba, mas quem não fuma, percebe e
fica muito mal, principalmente aqueles que têm algum tipo de doença
respiratória. Portanto NÃO fumem dentro do carro.
3) Quanto ao comportamento:
O comportamento do taxista frente ao passageiro deve ser o mais cortês
possível. Os tradicionais "bom dia", "boa tarde" e
"boa noite", são questão de educação. Toda a corrida deve começar com
esses cumprimentos. É o primeiro contato. A quebra do gelo.
Logo após o cumprimento, perguntar o destino. "Até onde vamos?",
"Pois não?" ou "Onde o senhor(a) deseja ir?". Após a
indicação do destino, perguntar se o passageiro tem alguma indicação de caminho
ou rota, também evita alguns problemas. Perguntar ao passageiro se ele tem uma
rádio de preferência, também é de bom tom. Caso contrário, recomendo manter o
rádio do carro em uma emissora mais neutra, como por exemplo, Antena 1(89,3) ou
Itapema(102,3), sempre em um volume baixo, que seja suficiente para deixar a
música de fundo. Volume alto do rádio incomoda o cliente, bem como dificulta
uma possível comunicação entre o condutor e o passageiro.
Sobre conversar com o passageiro. Sugiro sentir o clima. No meu caso, se o
passageiro entra no carro, me diz o destino e rota, se calando depois, mantenho
a mesma postura dele, esperando que ele fale alguma coisa. Caso contrário,
nossa próxima conversa vai ser no final da corrida para o pagamento.
Ar condicionado.
Quando estiver calor, o veículo deve estar
com o ar condicionado ligado. Deixar para ligar quando o passageiro entra no
carro ou pedir, por vezes pode não adiantar. Se a corrida for curta, sequer
dará tempo para que o ar realmente funcione, tendo em vista que ele demora um
pouquinho para deixar o carro todo em uma temperatura agradável. Lembrando que
esse é equipamento obrigatório nos táxis e deve estar funcionando.
Corrida curta.
A corrida curta faz parte do táxi, tanto quanto a corrida longa. O usuário
precisa utilizar o táxi, independente da distância, seja por necessidade, seja
por comodidade e nós estamos ali para atendê-lo. Brigar com o passageiro por
ele fazer uma corrida curta é PROIBIDO por lei e pelo bom senso. O cliente da
corrida curta é um cliente e deve ser tratado sempre com cortesia e respeito.
Confrontá-lo ou xingá-lo, não tornará a corrida mais longa, além de criar uma
antipatia pelo motorista e pelo serviço. Passível de multa e cassação do
carteirão, ou seja, o taxista não tem vantagem nenhuma no mau comportamento.
Nota alta.
Vale o mesmo para questão da corrida curta. Faz parte. Em um mundo ideal, todos
nós taxistas teríamos troco e todos os passageiros avisariam antes da corrida
começar, dessa condição. Porém não vivemos em um mundo ideal. O
"problema" é o troco para R$50, R$100. Temos que resolver. Brigar com
o passageiro não é solução. Pelo contrário. Agora ao invés de um problema, se
tem dois. A falta de troco e o conflito, clima hostil dentro do táxi.
Ofereça ao passageiro pagamento alternativo. Cartão de débito ou crédito.
Não foi possível? Ofereça a possibilidade de troca da nota em um
estabelecimento mais próximo, posto de gasolina, bar, mercado, etc., mas é
primordial que se mantenha a calma. Discutir, brigar, não vai adiantar em nada.
Em um último caso, troca-se número de telefones e se combina para pegar o valor
da corrida em outro dia. Quem sabe até marcar uma segunda corrida, que só vai
acontecer se o condutor mantiver a calma e for cortês.
Divergência de caminho.
Perguntar, educadamente se o cliente tem um caminho de preferência é a melhor
maneira. Caso ele não tenha, sugestione da maneira mais detalhada possível o
caminho. Se houver algum ar de desconfiança, ofereça então que o aparelho de
GPS faça o caminho.
Falar com o passageiro.
Somente o essencial. Sempre com calma e educação. Mulheres costumam entrar no
táxi com mais desconfiança, consequentemente na defensiva. Seja o mais
educado possível e não insista na conversa. Essa tem que partir da cliente.
Assuntos como estupro ou qualquer tipo de violência onde a mulher seja alvo,
bem como assuntos relacionados a sexo, devem ser evitados.
Futebol, religião e política são assuntos que tem cunho pessoal. Cada um tem
sua posição e dificilmente vai abrir mão dela. Se manter o mais neutro
possível, é garantia de uma viagem mais tranquila. Lembrando que a conversa
deve sempre iniciar pelo passageiro.
Arredondamento de corridas.
ISSO NÃO EXISTE, a menos que seja para baixo. Gorjeta deve ser por merecimento.
O cliente deve tomar a decisão de arredondar a corrida pra cima e não o
taxista. Se ele for bem atendido, não vai se importar de deixar um troco
pequeno para o taxista. Se a corrida deu R$15,94, ela deu R$15,94 e não
R$16,00. Não façam isso.
Transporte de animais e ou objetos grandes dentro do táxi.
O transporte de animais, NÃO É OBRIGATÓRIO, salvo CÃO GUIA para deficientes
visuais. Porém se o condutor optar por levar o animalzinho e cobrar um valor
por isso, esse valor deve ser combinado antes da corrida e não no fim. Parte do
princípio que o passageiro não tem obrigação de saber que existe uma taxa extra
por isso. A regra vale para objetos grandes, também. Detalhe que o valor
cobrado é estabelecido pela ETPC e não deve ser superior a R$6,55 por objeto ou
animal. Esse é o valor limite.
"Roubadinhas", manobras proibidas e dirigir "que nem um
louco".
Sabemos que existem inúmeros passageiros que pedem para fazer um retorninho
proibido ou entrar na contramão "só esse pedacinho, que essa hora
pode". NÃO PODE. Quem arca com o prejuízo das multas somos nós taxistas.
Além de arriscarmos a sermos punidos, quando fazemos uma manobra proibida
estamos colocando a nossa vida e a vida do passageiro em risco, além de estar
expondo de maneira desnecessária nossa ferramenta de trabalho. Talvez o
passageiro que está dentro do carro, goste da manobra, pois ele estará
economizando seu dinheiro, mas as pessoas que estão do lado de fora, estarão
condenando a atitude e exaltando a má fama dos profissionais do volante. Se for
necessário explicar isso para o passageiro, que assim se faça, sempre da
maneira mais educada e cordial possível.
4) Quanto aos agrados ao cliente
O bom atendimento, ar condicionado ligado,
bem como a boa educação e as condições do carro, por si só já bastariam para
satisfazer 99% dos usuários de táxi em Porto Alegre. Pra quem quiser melhorar e
fazer aquele agrado, aquele carinho no cliente, bombons, balas, chicletes e
principalmente água gelada, agora no verão, são de muito bom tom. Cooler
pequeno no porta-malas, com copinhos e/ou garrafinhas de água gelada, são um
belo agrado, mais do que bombons, que podem derreter no sol.
Essas são algumas dicas para que tenhamos um
atendimento profissional, padronizado, digno da profissão que ocupamos. É
primordial que melhoremos nosso atendimento para que possamos ter um mínimo de
chance frente a essa nova concorrência que já estamos enfrentando.
Lembro que esse “manual”, foi elaborado com
base na Lei Geral dos Táxis, bem como em regras de bom senso e bom atendimento
ao cliente. Lembro também que ele não está fechado, podendo receber sugestões
de taxistas e usuários e táxi.