quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Se beber não dirija e se dirigir não informe blitz


É sabido por todos ou por uma grande maioria que o álcool, ou bebida alcoólica, possui inúmeros efeitos sobre o corpo humano, dentre eles o retardo dos reflexos.
Sabe-se também que o uso, ingestão de álcool está associado à boa parte dos acidentes de trânsito.
No Brasil, anteriormente a Lei Seca (Lei 11705), existia um limite de 0,6 gramas de álcool por litro de sangue, que poderia ser ingerido por quem fosse dirigir. Diante da falta de conclusões a respeito de um nível seguro de consumo de bebida alcoólica, tendo em vista a individualidade de ser humano, foi enrijecida a lei para que a quantia máxima de álcool no sangue fosse de no máximo 0,2 gramas por litro de sangue, o que praticamente proibiu o consumo de bebida alcoólica antes de dirigir.
Foi comprovado também que o número de acidentes diminuiu consideravelmente depois da implantação da Lei Seca. É bem verdade, que à medida que a fiscalização foi relaxada, esses índices voltaram a subir, o que mais do que nunca comprova realmente a eficácia da medida e que o consumo de álcool, seja ele mínimo, tem influência no comportamento no trânsito sim.
Outro grande entrave para a plena eficácia da lei, bem como a modificação cultural a respeito do beber e dirigir, é no que se refere ao que eu chamo de desserviço, de se informar para aqueles que bebem e dirigem, a posição das blitz nas cidades. Isso é uma maneira de ajudar infratores e criminosos a burlar a lei. E mais, esse tipo de informação não ajuda só o suposto cidadão de bem que tomou uma cervejinha na janta, mas também aquele que bebeu tudo o que foi possível e ainda pode auxiliar também o criminoso mais perigoso, que pode estar com um carro furtado/roubado, realizando um seqüestro relâmpago ou até mesmo assaltando um taxista. E para aqueles que duvidam dessas possibilidades – vagabundo não vai ter twitter, facebook, etc. - a Rádio Gaúcha, há pouco tempo noticiou um presidiário que possuía um celular dentro da cadeia e com perfil no twitter e tinha como um dos seus seguidos o governador Tarso Genro.
Aí tenho certeza absoluta que alguém que ler vai pensar: “É taxista. Ta puxando a brasa para o assado dele. Se a galera não pode dirigir vai andar mais de táxi...”
Pois respondo: NÃO! Na verdade o que quero é ter a tranqüilidade de dirigir, principalmente a noite – turno o qual passo 12hs nas ruas e avenidas de Porto Alegre – sabendo que nenhum motorista irresponsável embriagado vai bater no meu táxi e deixar a mim a ao meu auxiliar sem trabalho e conseqüentemente sustento, por vários dias ou pior, me causar qualquer tipo de lesão, leve ou grave ou ainda abreviar minha vida.
Ademais, informando os pontos de fiscalização, é dar “um tiro no próprio pé”, pois quem garante que o bêbado que você ajudou informando uma blitz, não irá bater no seu próprio carro? Quem garante que ele não estará envolvido em um acidente com um familiar seu?
Pense nisso.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Nariz de palhaço


Estamos vivendo em uma época, onde nossos direitos são cada vez mais difundidos, ou seja, temos cada vez mais conhecimento daquilo que podemos e das obrigações que o Estado tem para conosco.
Em contrapartida, assistimos esses nossos direitos sendo cada vez mais esbulhados por funcionários públicos, sejam eles eleitos ou concursados, sem que nós, pessoas comuns, o povo, possamos fazer nada para que isso mude. Aliás, não é que não possamos fazer nada. Podemos. Mas essa "mexida", só pode ser feita por nós de 2 em 2 anos, quando vamos as urnas escolher nossos mandatários. Mas entre esses 2 anos, somos vítimas dessas pessoas desavergonhadas que comandam nosso país, modificando as leis conforme os seus interesses, desviando verbas, utilizando dinheiro público para fins particulares, aumentando seus próprios salários, criando cargos desnecessários e tudo mais que de alguma forma lhes traga vantagem.
É fato que há pouco tempo atrás, quando senadores e deputados aumentarem os seus próprios salários, foi o estopim para uma série de protestos, inclusive uma música criada por um artista aqui do RS - Tonho Crocco - chamada “Gangue da Matriz”, em referência aos deputados estaduais que fizeram o mesmo com os seus salários, lhes proporcionando um aumento pomposo de 73%. Essa música, gerou uma denúncia e mais tarde arquivamento de um processo que sequer chegou a existir contra o músico, pois os deputados estaduais se sentiram ofendidos por serem chamados de "gangue". Não entendi por que se ofenderam. No meu dicionário, quer dizer no do Sr. Aurélio, "gangue" significa "grupo de malfeitores". E quem aumenta sem necessidade a despesa de um Estado em pelo menos 5 milhões de reais anuais em benefício próprio, tirando dinheiro que poderia ser destinado à saúde, educação, segurança, saneamento básico ou qualquer outra obra que fosse para o bem de um todo, não é um malfeitor?
Bom se isso não é um malfeitor, não sei mais o que é então.
Poderá alguém dizer que o que os parlamentares fizeram é legal. Concordo, realmente é legal, mas não significa que seja moral. Legalidade e moralidade são conceitos distintos e não necessariamente andam lado a lado. O que os parlamentares fizeram foi definitivamente imoral.
Se todos os cidadãos, contribuintes, tivessem ao seu alcance saúde, transporte, educação, lazer, cultura, segurança, etc, de forma pública e descente, com toda a aparelhagem e serviço público em bom funcionamento, proporcionando uma vida digna para todos os cidadãos brasileiros, podem ter certeza que eu mesmo estaria aqui escrevendo e defendendo um belo aumento de salário, verba, contribuição, recompensa, como queiram chamar, para todos os parlamentares, em todas as suas alçadas.
Agora, a menos que eu esteja enganado ou tendo alucinações, sigo vendo pessoas morrendo nas filas do SUS esperando por uma consulta, quem dirá um procedimento mais complexo; sigo vendo pessoas serem assassinadas, pois o efetivo de policiais, sejam eles civis ou militares, é menor do que deveria e/ou ganham um salário de miséria, os quais necessitam fazer "bicos" de segurança privado, o que é proibido, ou então se corromperem, extorquindo e dando informações privilegiadas para criminosos, para obterem uma renda extra; sigo vendo pessoas indo até as farmácias públicas e não encontrando seus remédios; sigo vendo crianças sem aula por greve de professores que reivindicam salários melhores ou porque as escolas estão interditadas por estarem literalmente caindo aos pedaços; sigo andando em ruas sem iluminação, esburacadas; sigo enxergando as pessoas esperando por muito tempo nas paradas de ônibus e quando esses aparecem, as pessoas entram e ficam como se estivessem embaladas “a vácuo” de tão abarrotado de gente que andam os coletivos... E pensar que 5 milhões de reais por ano, poderiam ser investidos em tudo isso.
Aí eu pergunto: Em um estado onde existem todas essas deficiências é moral um funcionário público que ganha 20 vezes o valor de um salário mínimo, aumentar o seu próprio salário em 73%?
E nós, trabalhadores que passamos quase 6 meses do nosso ano trabalhando para pagar impostos, porque não temos um aumento de 73% nos nossos rendimentos? Porque gente como eu que trabalha 12 horas todas as noites, não tem direito aos benefícios do Estado e de um aumento pomposo como esse?
É por esses e outros muitos motivos que deveríamos usar um nariz de palhaço, pois é assim que estamos sendo tratados, servindo de chacota e piada para uns poucos caras-de-pau que vivem numa terra de fantasia, em um circo, se divertindo à custa da nossa realidade.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

A mulher de branco

Desde que nasci, convivo com táxis e taxistas. Esse sempre foi o negócio da família. Cresci ouvindo muitas histórias, que mal sabia eu, vivenciaria algumas delas. Mas a história que contarei, não foi vivenciada por mim, mas sim por meu tio Roberto, que também trabalhou por muito tempo em táxis.
Contou meu tio, que em uma madrugada, rodando com o táxi pelo centro da capital, avistou uma mulher na rua, bonita e toda de branco, que fez sinal para ele como quem quisesse pegar o táxi.
Ele parou o táxi, na época um fusca – afinal eram os anos 80, onde a maioria esmagadora dos táxis eram fuscas – sem o banco dianteiro do passageiro, abriu a porta e ela entrou.
Após as devidas saudações, essa mulher dá o destino da corrida para o meu tio, este na Avenida Oscar Pereira, no cemitério São Miguel e Almas.
Em silêncio meu tio e a passageira seguem em direção ao destino pedido por ela.
Chegando em frente ao cemitério, meu tio diz:
- Chegamos senhora!
Ao que não obtendo resposta olhou para trás e para seu espanto e pânico não havia ninguém dentro do carro.
Apavorado, contou ele, desceu do fusca e olhou para todos os lados sem ver ninguém por perto. Atravessou a rua e verificou o portão do cemitério e viu que estava trancado.
Já assustado, adentrou dentro do carro e com o coração palpitando e acelerado, dirigiu até o Instituto de cardiologia onde foi devidamente atendido e medicado.
Não sei por que lembrei dessa história hoje. Aliás não sei se isso que foi me contado é realmente uma história ou uma lenda. Sei que eu ouvi. E mais, já ouvi o contrário de outros motoristas, ou seja, de uma mulher de branco fazer sinal para o táxi no cemitério São Miguel e Almas, entrar no carro e dar um destino qualquer e quando os taxistas chegaram a esse destino verificaram que não havia ninguém dentro do táxi.
Como dizem por aí, recordar é viver. Estou vivendo mais um pouquinho então.
Agora, diante de tudo isso, tenho duas certezas: Uma é que se durante a madrugada eu pegar uma mulher toda de branco para levar ao cemitério, cobrarei a corrida antes e a outra é que se uma mulher toda de branco me fizer sinal em frente o cemitério, não vou parar o táxi.